Em nome de Deus, a cantora carioca Aline Barros vendeu mais de 2 milhões de discos, ganhou dois prêmios Grammy Latino e se tornou a maior estrela gospel do Brasil. Também em nome do Senhor, ela deposita todos os meses 10% de tudo que Deus lhe provê em favor da Comunidade Internacional da Zona Sul, igreja da qual é adepta. O destino dado pelos pastores ao dinheiro não a preocupa. “Dízimo é oferta e está na Bíblia. Não me compete discutir o que a liderança vai fazer com isso. Se não entrego meu dízimo, é como se não devolvesse ao Senhor os 10% que lhe são de direito. Espero que sejam usados para o que lhe é devido”, diz a artista.

Aline Barros, de 30 anos, é casada há sete com o ex-jogador de futebol Gilmar dos Santos. Bióloga marinha, é mãe de Nicolas, de 4 anos, e orgulha-se da família feliz. “Aquilo que Jesus diz é a base de nosso relacionamento. Construímos nossa casa não sobre areia, mas sobre a rocha que é Deus”, compara. Ela é um fenômeno musical: “Gravei 15 discos, três em espanhol, e tenho mais três DVDs. Vivo bem, mas trabalho bastante”, afirma. Os sonhos são muitos – e globalizados: “Quero gravar em inglês, projeto próximo de ser realizado. Em tudo que existe na vida há um propósito. Foi Deus que me colocou no patamar onde cheguei”, professa.

Mesmo atribuindo as conquistas a Deus, ela não descuida do marketing pessoal e da profissionalização. “Sempre procurei me cercar de gente de peso. Tenho grande zelo por meu trabalho. Meu pai sempre me disse para ser a melhor. Procuro seguir à risca, inovar e impactar”, explica. Ao contrário de outros artistas gospel, ela não segrega nenhum tipo de fã. “Minhas canções não são direcionadas somente ao povo evangélico. A forma que tenho de manifestar minha gratidão é universal, não é direcionada a uma faixa etária ou a um único estilo. Canto músicas de adoração, passando pelo estilo pop-rock. Na verdade, o que faço é adoração moderna.”

Aline Barros consegue ser mais sintonizada com a sua época graças a certa flexibilização dos mandamentos da religião que abraçou. “Sigo uma igreja renovada, que permite algumas coisas impensáveis em outras, mais radicais. Posso usar qualquer tipo de roupa, desde que não escandalize”, explica. A cantora prefere não se envolver em assuntos que considera tabus, como homossexualismo, uso de drogas e hábitos boêmios. Mora no Rio, testemunha situações de extrema violência cotidianamente e diz se preocupar com o bem-estar da população. Mas avisa: “Se não tiver Deus no coração, não adianta andar com carro blindado.” Para ela, tragédias como o tsunami, a crescente onda de violência e epidemias como a Aids são sinais latentes de Deus. “A hora está próxima. Se Jesus voltar e as pessoas não estiverem preparadas, obedecendo à palavra, a situação ficará ruim”, adverte.

Em março, esse alerta será explicitado em algumas letras de Caminho de milagres, o novo disco de Aline. “A música que dá nome ao CD nasceu de uma palavra ministrada por meu pastor, o Marco Antônio”, conta. As canções surgem sempre da mesma maneira: as pregações chegam a seu coração, transformando-se em letras de canções. “O novo CD está voltado para quem abre mão dos prazeres da vida em favor de um projeto de Deus”, afirma. “Nunca duvidei do meu caminho, desde os 12 anos tenho essa certeza. Tive o privilégio de crescer assimilando os princípios da palavra do Senhor”.

Na adolescência, fase de descobertas e incertezas, ela diz que não se desviou desse caminho: “Mesmo confusa com as coisas que o mundo me ofereceu, meu coração nunca se interessou por vícios, noitadas e até ir à boate. Eu me guardei pura, vejo-me como uma escolhida e, por tudo isso, nunca tive decepções”.

A conduta exemplar não a poupou de atropelos. Há três anos, no meio do processo de gravação de um disco, ela perdeu 95% da voz. “Os médicos me disseram que deveria ficar seis meses sem cantar. Isso me abalou muito, comecei a rever conceitos. Não estou aqui só para cantar, minha missão vai bem além. Coloquei meu coração nas mãos do Senhor”, lembra. Pouco a pouco, recuperou a voz e gravou o CD Fruto de amor. “Com esse trabalho, minha carreira deslanchou. Ganhei o primeiro Grammy e entendi o recado de Deus. Hoje estou curada e com voz 100%”, conclui.

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